ESPAÇO CEL. FRANCISCO MOTTA

ESPAÇO CEL. FRANCISCO MOTTA
“Tradição com modernidade em busca do ensino de qualidade."

terça-feira, 6 de abril de 2010

PROJETO DIRECIONADOR 2010


I-IDENTIFICAÇÃO
Colégio Estadual Cel. Francisco Ribeiro da Motta Vasconcellos
Modalidade de Ensino:
Fundamental
Professores Responsáveis: Todos do 3º ao 9º ano que sentirem a necessidade e o interesse de se envolverem no projeto .
Turmas: 3º ao 9º ano
Tempo: 1 ano letivo
Disciplinas:O projeto visa trabalhar de forma interdisciplinar, sendo assim Português, Matemática, Ciências , Geografia, História, Educação Física, Artes, Inglês e Ensino Religioso estão envolvidas no mesmo.


II-JUSTIFICATIVA
Desafio, esta é a melhor expressão para definir a responsabilidade de elaborar um marco conceitual capaz de orientar as inúmeras iniciativas que compõem o projeto.
Este projeto é reflexo do momento em que vivemos, pois estamos repensando valores e atitudes,pelos quais se espera a reconstrução de uma sociedade em que todos possam exercer os seus direitos de cidadão. É o momento em que pensamos na promoção de ações e políticas públicas afirmativas, permanentes ou não, que busquem compensar perdas provocadas pela discriminação, seja ela por motivos diversos (raciais, étnicos, religiosos, de gênero e outros). E que, portanto,elimine desigualdades historicamente acumuladas, possibilitando a inclusão, a acessibilidade às oportunidades e a promoção de direitos para todos, em especial, àqueles que se referem aos afrodescendentes.

III-INTRODUÇÃO
A elaboração e desenvolvimento desse projeto de arte e cultura negra visam a atender dois pré-requisitos básicos: o exercício da cidadania e vivência dos valores através da apropriação da arte e da cultura, como ferramentas necessárias para estar num mundo formado por sociedades que usam o preconceito como instrumento das esferas de diferenças sociais e, ainda, o resgate da herança africana, cuja história fora esquecida e ignorada ao longo do tempo.
Propõe-se, ainda, dar a conhecer, através de demonstrações culturais e de atividades teatrais e de interpretação alguns aspectos importantes do contexto da escravidão negra, ressaltando os valores que impulsionaram e orientaram a sua vida e a formação de sua identidade. Com este conhecimento, vivenciar e valorizar a cultura negra através da música e da pintura como forma de identificação e resgate da autoestima do aluno afro-descendente.

Através de atividades artísticas, busca-se desenvolver ações transformadoras, projetando o respeito como prática fundamental e essencial para mudar as pessoas e, conseqüentemente, a sociedade.
Enquanto professores, temos que garantir aos alunos, em especial aos afro-descendentes, o acesso não só à escola, mas, também, ao conhecimento da história e da cultura africana e dos afrodescendentes, como está recomendado na Lei 10.639 de 10 de janeiro de 2003, o que é observado, pois, em um país cuja grande porcentagem de sua população é constituída de afro-descendentes, as pessoas desconhecem os grandes heróis e personalidades negras que se destacaram na História, como: rainha Nzinga, líder da libertação do reino africano Ndongo em 1660; Dandara, guerreira do Quilombo dos Palmares, ao lado de Zumbi; do abolicionista José do Patrocínio; o ator Grande Otelo; o herói nacional Zumbi dos Palmares; Machado de Assis; e, Cruz e Souza.
Há necessidade de conscientizar acerca das práticas e representações que configuram o racismo, apresentando aos alunos a verdadeira história e tradição do povo negro no Brasil, de maneira íntegra, sem estereótipos que distorcem e não retratam fielmente a trajetória dos descendentes de africanos, sem mensagens subliminares que consolidam uma sociedade racista e excludente.

IV-OBJETIVOS:
GERAL:
· Favorecer o desenvolvimento da expressão corporal, oral e cultural dos alunos, através de momentos de interpretação (monólogos), coreografias, músicas, Capoeira, poesias e a valorização estética negra, para a ampliação dos conhecimentos e formação de hábitos e atitudes fundamentais nos valores éticos.
ESPECÍFICOS:
· Aprofundar-se nas causas e conseqüências da dispersão dos africanos pelo mundo e abordar a história da África antes da escravidão.
· Enfocar as contribuições dos africanos para o desenvolvimento da humanidade e as figuras ilustres que se destacaram nas lutas em favor do povo negro.
· Reeducar as relações entre descendentes de africanos, de europeus e de outros povos.
· Reconhecer a existência do racismo no Brasil e a necessidade de valorização e respeito aos negros e à cultura africana.
· Criar materiais audiovisuais sobre história e cultura afro-brasileiras.
· Valorizar iniciativas de inclusão, dando visibilidade a ações afirmativas já promovidas pela sociedade.
· Contribuir para a criação de práticas pedagógicas inclusivas.

V-RECURSOS HUMANOS
Todos os alunos e professores do 3º ao 9º ano que sentirem a necessidade e o interesse de se envolverem no projeto .

VI-RECURSOS MATERIAIS: cd, aparelho de som, microfone,computador,letra da música, material para produção das ilustrações, computador, DVD, jogos, jornais, revistas, sucatas, cartolina, isopor, tinta, cola, tesoura, quadra da escola, etc.

VII-MATERIAIS PRODUZIDOS: Textos escritos, desenhos e ilustrações ,peça de teatro e coreografias, .

VIII-ESTRATÉGIAS
· Reuniões periódicas.
· Propostas de adequação das disciplinas.
· Oficinas de criação
· Maquetes
· Palestras
· Pesquisas
· Entrevistas
· Desenhos e ilustrações
· Peça de teatro e coreografias
· Textos escritos
· Confecção de jornal e/ou informativo por turma
· Confecção de objetos com sucata,etc

IX-AVALIAÇÃO
A avaliação será constante, através da apresentação de atividades desenvolvidas a partir das propostas apresentadas.

X-CONCLUSÃO
Com esta proposta, possibilitaremos novas alternativas de aquisição e construção de conhecimentos, tornando-se a escola uma verdadeira aliada no desenvolvimento do cidadão.

PROPOSTAS DE ATIVIDADES
Ao elaborar um projeto sobre Cultura Negra, deve-se pensar em atividades que possibilitem aproximar nossos alunos da riqueza cultural afro-brasileira, aprofundando o estudo das fortes raízes culturais africanas, visando elevar a autoestima da criança negra e sua percepção e atuação sobre si mesma e seu lugar no mundo.
Para iniciar o tema proponha aos alunos que listem duas características físicas e duas características de seu caráter/personalidade. Recolha todas as listagens e, de forma lúdica, leia uma a uma para a classe instigando os alunos a descobrirem quem é o dono de cada característica. Após a brincadeira abra uma roda de conversa levando-os a refletirem sobre a dinâmica, sondando: O que percebemos com essa vivência? Existem pessoas exatamente iguais? Permita que os alunos expressem suas opiniões e, em um segundo momento, proponha que todos se observem atentamente e analisem as diferenças entre eles, levando em consideração os tipos de cabelo, as cores dos olhos e da pele, os formatos dos narizes e dos lábios, as alturas, etc. Para criar um clima mais afetivo introduza uma música ambiente tranqüila e permita o toque caso desejem.
Como dever de casa peça que levem figuras de pessoas diferentes e de pessoas que admiram/idolatram.
É importante o professor também pesquisar e contribuir levando imagens de crianças do mundo inteiro, das diversas religiões, como se vestem e como são diferentes.
Peça aos alunos que separem as figuras dos ídolos e primeiro explore bastante as diversas imagens. Peça que justifiquem a escolha das mesmas, que dêem um adjetivo para cada uma delas: essa pessoa parece ser...? Proponha que agrupem as figuras usando o critério que preferirem e que o justifiquem. Converse, então, sobre o preconceito e a discriminação, baseados na aparência.
Aproveite para falar sobre os tons de pele, sobre a importância de diversas culturas, riqueza cultural dos diversos continentes.
Com as figuras dos ídolos analise quantos são negros e liste nomes de personalidades negras conhecidas da classe. Promova uma conversa informal com a classe para perceber que critérios eles utilizam para eleger seus "modelos": beleza, riqueza, talento, carisma, etc.
Em artes plásticas podem ser confeccionados bonecos negros. É interessante “dar vida” aos bonecos propondo que os alunos os transformem em personagens que podem interagir através de dramatizações e entrevistas.
Brincando, a criança aprende a lidar com o mundo e forma sua personalidade, recria situações do cotidiano e experimenta sentimentos básicos. Logo, vale pesquisar, juntamente com os alunos, jogos e brincadeiras tradicionais africanos e possibilitar momentos de integração e descontração onde as crianças brinquem e joguem.

Sugestão de Jogo
Yoté, da África Ocidental
Semelhante ao jogo de damas. Na África Ocidental, as crianças cavam buracos na areia, catam seixos ou pedacinhos de madeira, e estão prontas para jogar. O professor pode usar peças de diferentes tipos e confeccionar seu próprio tabuleiro.
Como se joga:
Os jogadores revezam-se, colocando uma peça de cada vez em qualquer espaço no tabuleiro. Não é preciso colocar todas as peças antes de passar para o estágio seguinte. Um jogador pode guardar algumas peças para serem colocadas mais tarde.
Os jogadores revezam-se movimentando uma peça de cada vez em linha reta até o próximo espaço, se estiver livre. Os movimentos são feitos nos sentidos “para frente” e para trás” ou “para direita” e “para a esquerda”, nunca no sentido diagonal.
Um jogador pode saltar por cima da peça do adversário até o próximo espaço, se este estiver livre, e remover a peça do tabuleiro. Além disso, o jogador pode capturar do tabuleiro outra peça do adversário como prêmio. O jogador que capturar todas as peças do adversário será o vencedor. Se cada jogador tiver três ou menos peças no tabuleiro, o jogo acabará em empate.

Literatura infantil
Na Literatura existem grandes títulos que rendem excelentes trabalhos acerca do tema. Tendo em vista que estimular e desenvolver o hábito e o prazer pela leitura deve ser objetivo sine qua non seja qual fôr o tema do projeto. Entre eles sugerimos:
LIMA, Heloísa Pires. Histórias da Preta. São Paulo: Cia. das Letrinhas, 1998/2000.
LIMA, Heloísa. A Semente que veio da África, editora Salamandra.
MACHADO, Ana Maria. Menina Bonita do Laço de Fita. São Paulo: Melhoramentos.
OLIVEIRA, Alaíde Lisboa de. A bonequinha preta. Belo Horizonte: LÊ, 1982.
OTERO, Regina; RENNÓ, Regina. Ninguém é igual a ninguém: o lúdico no conhecimento do ser. São Paulo: Editora do Brasil, 1994.
PEREIRA, Edimilson de Almeida. Os reizinhos do Congo. São Paulo: Paulinas, 2004.
RAMOS, Rossana. Na minha escola, todo mundo é igual. São Paulo: Cortez, 2004.
ROSA, Sônia. O menino Nito. Rio de Janeiro: Pallas, 2002.
SANTOS, Joel Rufino. Dudu Calunga. São Paulo: Ática, 1996.
SANTOS, Joel Rufino. Gosto de África. Histórias de lá e daqui. São Paulo: Global, 2001.
UNICEF. Crianças como você: uma emocionante celebração da infância. São Paulo: Ática, 2004.
ZIRALDO. O Menino Marrom. São Paulo: Melhoramentos, 1986.
COSTA, Madu. Meninas negras. Editora Mazza.
COSTA, Madu. Koumba e o tambor diambê. Editora Mazza.
RODRIGUES, Martha. Que cor é a minha cor? Editora Mazza.
BARBOSA, Rogério Andrade. Contos africanos - para crianças brasileiras. Ed. Paulinas.
ROCHA, Ruth. O Amigo do Rei, Editora Ática.
BRAZ, Julio Emílio. Felicidade não tem cor.
DIOUF, Sylviane. As tranças de Bintou.
Envolver parentes dos alunos e pessoas negras da comunidade pedindo que contem histórias de suas vidas, em seguida, propor que os alunos transformem os relatos reais em textos diversos, que podem ser ilustrados com fotos e desenhos. Valorizar o trabalho dos alunos com uma tarde de autógrafos.

A presença negra nas artes
O estudo da presença negra e mestiça na arte brasileira pode partir de nomes como Mestre Valentim e Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, homens de um tempo em que a formação artística se dava de maneira coletiva e não excludente nas corporações de ofício.
A trajetória de artistas negros e mestiços que cursaram a Academia Imperial de Belas Artes no início do século XX é um caminho para se avaliar o impacto da Missão Francesa no Brasil. Nomes como Estevão Silva, Antonio Firmino Monteiro, Antonio Rafael Pinto Bandeira, João Timóteo da Costa, Artur Timóteo da Costa precisam ser conhecidos e sua trajetória de vida, bem como suas obras, devem ser apreciadas pelos estudantes brasileiros.
Artistas negros do século XX como Benedito José Tobias, Iêda Maria, Rubem Valentim, Mestre Didi, Ronaldo Rêgo, Otávio Araújo, Jorge dos Anjos, Emanoel Araújo, entre outros, recompoem os fragmentos de uma presença negra na História da Arte Brasileira.
Há forte presença da arte negra na vida social brasileira, conhecida como arte popular. Apesar da controvérsia, que atribui à expressão artística mais popular um status de arte menor, ela retrata um outro Brasil e está presente em todo o território nacional, e tem como artistas, brasileiros negros e mestiços que devem ser valorizados e conhecidos pelos currículos escolares, como Heitor dos Prazeres, João Alves, Agnaldo Manoel dos Santos, Artur Pereira, Sérgio Vidal, entre outros.
Analisando as obras de Jean Baptiste Debret (1768-1848) é possível conhecer como era o cotidiano das crianças na época da escravidão. As obras de Debret, que foram comparadas às fotografias publicadas em jornais atuais, dão um panorama crítico da situação do passado e do presente.
Além das análises e releituras das obras de arte, sugerimos produzir com argila ou papel marche estátuas de personagens negros para uma exposição.
Músicas
Desde o lundu e as orquestras compostas de escravos músicos até os dias atuais, é reconhecida a marca negra africana na música e na musicalidade brasileira. A música, acompanhada da gestualidade, foi marca de resistência e da presença dos ancestrais das culturas dos povos africanos que para aqui vieram. A memória contida no corpo e cantada pela voz permitiu a manutenção de vidas marcadas pela experiência da escravidão e, no avesso do sofrimento, trouxe alegria, criatividade e novos arranjos para a expressão musical e corporal brasileiras.
As festas tradicionais brasileiras, como Maracatus, Bumba-meu-Boi, Cavalhadas, Marujadas, Folia de Reis, Festas do Divino, Congadas, constituem importantes elementos da cultura popular, carregados de valores e sentidos próprios, tendo um grande significado pelo conteúdo que representam e expressam.
O sorriso, o humor, o disfarce, a peleja, altivez, a alegria, a crença, a tradição, a celebração, a vitória, a reciprocidade, estão inscritos no corpo de cada um dos participantes, para dar sentido e contar sem palavras o que está representando.
Tomar contato com essas e outras manifestações da cultura popular, trazer para a escola grupos tradicionais que possam apresentar o vigor da sua experiência e assim, alargar a reflexão sobre o conteúdo e o significado histórico de cada uma destas representações aproxima o aluno de uma outra versão, fundamental, da história brasileira. Recriar junto aos alunos essas celebrações culturais, compreendendo os seus conteúdos é sem dúvida um instigante projeto pedagógico, que só terá sentido se organizado e experimentado coletivamente, conforme a própria natureza das expressões culturais populares.
Sabemos que músicas estimulam e rendem boas atividades de interpretação, debate e reflexão. De acordo com RCNEI “A linguagem musical é excelente meio para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da auto-estima e autoconhecimento, além de poderoso meio de integração social.” Dentre as músicas aquelas que mais costumam agradar os alunos são: Mundo Negro (O Rappa); Pérola Negra (Daniela Mercury); Mamma África (Chico César); Meu ébano (Alcione); A Loirinha, O Playboy E O Negão (Kelly Key); Olhos Coloridos (Sandra de Sá).

Olhos Coloridos (Sandra de Sá )
Os meus olhos coloridos
Me fazem refletir
Eu estou sempre na minha
E não posso mais fugir

Meu cabelo enrolado
Todos querem imitar
Eles estão baratinados
Também querem enrolar

Você ri da minha roupa
Você ri do meu cabelo
Você ri da minha pele
Você ri do meu sorriso

A verdade é que você,
Tem sangue crioulo
Tem cabelo duro
Sarará crioulo
Sarará crioulo, sarará crioulo (2x)

Mama África(Chico César)
Mama África
A minha mãe
É mãe solteira
E tem que
Fazer mamadeira
Todo dia
Além de trabalhar
Como empacotadeira
Nas Casas Bahia...(2x)

Mama África, tem
Tanto o que fazer
Além de cuidar neném
Além de fazer denguim
Filhinho tem que entender
Mama África vai e vem
Mas não se afasta de você...

Mama África
A minha mãe
É mãe solteira
E tem que
Fazer mamadeira
Todo dia
Além de trabalhar
Como empacotadeira
Nas Casas Bahia...

Quando Mama sai de casa
Seus filhos de olodunzam

Rola o maior jazz
Mama tem calo nos pés
Mama precisa de paz...

Mama não quer brincar mais
Filhinho dá um tempo
É tanto contratempo
No ritmo de vida de mama...

Mama África
A minha mãe
É mãe solteira
E tem que
Fazer mamadeira
Todo dia
Além de trabalhar
Como empacotadeira
Nas Casas Bahia...(2x)

É do Senegal
Ser negão, Senegal...

Deve ser legal
Ser negão, Senegal...(3x)

Mama África
A minha mãe
É mãe solteira
E tem que
Fazer mamadeira
Todo o dia
Além de trabalhar
Como empacotadeira
Nas Casas Bahia...(2x)

Mama África
A minha mãe
Mama África
A minha mãe
Mama África...

O Preto Em Movimento (Mv Bill)
Não sou o movimento negro
Sou o preto em movimento
Todos os lamentos (Me fazem refletir)
Sobre a nossa historia
Marcada com glorias
Sentimento que eu levo no peito
É de vitória
Seduzido pela paixão combativa
Busquei alternativa (E não posso mais fugir)
Da militância sou refém
Quem conhece vem
Sabe que não tem vitória sem suor
Se liga só, tem que ser duas vezes melhor
Ou vai ficar acuado sem voz
Sabe que o martelo tem mais peso pra nós
Que a gente todo dia anda na mira do algoz
Por amor a melanina
Coloco em minha rima
Versos que deram a volta por cima
O passado ensina e contamina
Aqueles que sonham com uma vida em liberdade
De verdade
Capacidade pra bater de frente
E modificar o que foi pré-destinado pra gente
Dignificar o que foi conquistado
Mudar de estado, sair de baixo
Sem esculacho é o que eu acho
Não me encaixo nos padrões
Que vizam meus irmãos como vilões
Na condição de culpados
Ovelha branca da nação
Que renegou a pretidão (Na verdade é que você...)
Tem o poder de mudar “ RAPÁ”
Então passe para o lado de cá, vem cá
Outra corrente que nos une
A covardia que nos pune
A derrota se esconde no irmão
Que não se assume
Chora quando é pra sorrir
Ri na hora de chorar
Levanta quando é pra dormir
Dorme na hora de acordar
Desperta
Sentindo a atmosfera, que libera dos porões
E te liberta (Sarará criolo...)
Muita força pra encarar qualquer bagulho
Resistência sempre foi a nossa marca, meu orgulho
É bom ouvir o barulho
Que ensina como caminhar (Eu estou sempre na minha...)
Não vou pela cabeça de ninguém
Pode vir que tem
Agbara, Ôminara, Português, Faveles ou em Ioruba, Axé
Pra quem vai buscar um acue
E deixa de ser um qualquer
Já viu como é
Preto por convicção acha bom submissão
Não, da re no Monza e embranquece na missão
Tem que ser sangue bom com atitude
Saber que a caminhada é diferente pra quem vem da negritude
Que um dia isso mude
Por enquanto vou rezar pro santo
E que nós nos ajude.


Com as músicas é possível realizar:
Pesquisas de músicas tipicamente africanas;
Pesquisas de outras canções que abordam o tema;
Criação de raps, paródias, jingles;
Integração com a Língua Inglesa através de pesquisa e audição de canções famosas de cantores negros;
Exercícios de aquecimento e articulações do corpo voltados para a dança negra;
Exercícios de respiração e ritmo;
Movimentos básicos da dança afro (orixás, cotidiano, etc.);
Criação, elaboração e montagem de coreografias;
Criação e confecção de figurinos, adereços e instrumentos de percussão;
Apresentar danças africanas, jogos como capoeira, e músicas, como samba e maracatu.
É interessante, também, enaltecer e valorizar os cantores negros que se destacam no cenário artístico-cultural do país. Propor um estudo sobre a vida de cada um deles, selecionar informações relevantes produzindo biografias em grupos ou duplas, reconhecendo as características desse tipo de texto. As biografias podem ser ilustradas com caricaturas produzidas nas aulas de Artes Plásticas. Em um segundo momento, os alunos podem escrever suas autobiografias.
Ouvir e fazer tentativas de tirar som e ritmo de instrumentos típicos: caixa de fósforo, pandeiro, agogô, chocalho, atabaque, berimbau, etc. Além de tocar os instrumentos, saber de que são feitos, como são feitos e, aprender a construir algum deles.


Capoeira
A Capoeira é uma expressão cultural que mistura esporte, luta, dança, cultura popular, música e brincadeira.
Desenvolvida por escravos africanos trazidos ao Brasil e seus descendentes, é caracterizada por movimentos ágeis e complicados, feitos com freqüência junto ao chão ou de cabeça para baixo, tendo por vezes um forte componente ginástico-acrobático. Uma característica que a distingue de outras lutas é o fato de ser acompanhada por música.
A palavra capoeira tem alguns significados, um dos quais refere-se às áreas de mata rasteira do interior do Brasil. Foi sugerido que a Capoeira obteve o nome a partir dos locais que cercavam as grandes propriedades rurais de base escravocrata.
A música é um componente fundamental da Capoeira. Ela determina o ritmo e o estilo do jogo que é jogado durante a roda de Capoeira. A música é composta de instrumentos e de canções, podendo o ritmo variar de acordo com o Toque de Capoeira de bem lento (Angola) a bastante acelerado (Sao Bento Grande). Muitas canções são na forma de pequenas estrofes intercaladas por um refrão, enquanto outras vêm na forma de longas narrativas (ladainhas). As canções de Capoeira têm assuntos dos mais variados. Algumas canções são sobre histórias de capoeiristas famosos, outras podem falar do cotidiano de uma lavadeira.
Algumas canções são sobre o que está acontecendo na roda de capoeira, outras sobre a vida ou um amor perdido, e outras ainda são alegres e falam de coisas tolas, cantadas apenas para se divertir. Os capoeiristas mudam o estilo das canções freqüentemente de acordo com o ritmo do berimbau. Desta maneira, é na verdade a música que comanda a Capoeira, e não só no ritmo mas também no conteúdo. O toque Cavalaria era usado para avisar os integrantes da roda que a polícia estava chegando; por sua vez, a letra é constatemente usada para passar mensagens para um dos capoeiristas, na maioria das vezes de maneira velada e sutil.

Roda de Capoeira
A roda de Capoeira é um círculo de pessoas em que é jogada a Capoeira.
Os capoeiristas se perfilam na roda de Capoeira batendo palma no ritmo do berimbau e cantando a música enquanto dois capoeiristas jogam Capoeira. O jogo entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do capoeirista no berimbau (normalmente um capoeirista mais experiente) ou quando algum capoeirista da roda entra entre os dois e inicia um novo jogo com um deles.
O tamanho da roda pode variar de um diâmetro de três metros até diâmetros superiores a dez metros, ao mesmo tempo que pode ter meia dúzia de capoeristas até mais de uma centena deles.
Embora os nomes dos golpes de Capoeira variem de grupo para grupo, alguns dos principais são:• Armada • Au • Baiana • Banda • Benção • Cabeçada • Chapa • Galopante • Macaco • Martelo • Martelo Cruzado • Meia-lua • Meia-lua de base • Meia-lua de compasso • Meia-lua de frente • Pisão • Ponteira • Queixada • Rabo-de-arraia • Rasteira • Vôo do morcego • Ponte aranha • Ponta de faca • Amazonas • Giro de mão • Corcorinha • Quebra de rins • Esquiva • Esquiva com rolê • Salto mortal • Giro de cabeça• Ginga
Você pode encontrar este texto acima e mais informações sobre Capoeira no seguinte endereço: Wikipedia - Capoeira

Música e Dança Negra
A música negra (também conhecida como música afro-brasileira no Brasil e música afro-americana nos Estados Unidos) é um termo dado a todo um grupo de gêneros musicais que emergiram ou foram influenciados pela cultura de descendentes africanos em países colonizados por um sistema agrícola baseado na utilização de mão-de-obra escrava (plantation). É comum em toda a América, onde o uso de mão-de-obra escrava negra foi amplamente utilizada. As músicas tribais africanas foram trazidas pelos escravos para os países americanos, onde se mesclaram com outros ritmos europeus, formando novos gêneros musicais.

No Brasil: • Axé music • Carimbó • Funk carioca • Lambada • Lundu• Maxixe • Maracatu •Pagode • Samba

A Dança Negra
A dança - enquanto forma de expressão corporal - possui uma linguagem onde cada gesto significa e representa idéias e sentimentos. Emoções. Sensações.
O jogo da Capoeira é a síntese da dança. A sua essência, disfarçada em brinquedo. Vadiação. Distração de quem busca extravasar cada função interior nos gestos exteriores.
É na dança que se manifesta a tradição milenar da cultura negra de reverenciar as origens. Isto ocorre cada vez que se repetem gestos ancestrais. Renovados. Conduzindo ao reconhecimento da necessidade de manter viva a ligação com os antepassados, que praticaram os mesmos atos. Nisto reside a grandeza da dança negra. Ritual. E no respeito aos que geraram a vida, a beleza maior.
O balanço dos braços, o arremesso dos pés, o meneio do tronco e dos quadris, a harmonia de todo o corpo em gestos que não perdem a continuidade. Como se fôra um ininterrupto perambular pelo círculo, em estreita ligação com o solo.
Você pode encontrar estes textos acima e mais informações sobre Música e Dança Negra no seguinte endereço: Wikipedia - Música Negra


Poesias
Temas: NEGRO
Poema - Sou Negro porque encaro minhas origens
Não precisa ter cor, nem raça, nem etnia.
É preciso amar
É preciso respeitar
Não sou negro porque minha pele é negra
Não sou negro porque tenho cabelo embolado de “pixain”
Não sou negro porque danço a capoeira
Não sou negro porque vivo África
Não sou negro porque canto reggae.
No sou negro porque tenho o candomblé como minha religião
Não sou negro porque tenho Zumbi como um dos mártires da nossa raça.
Não sou negro porque grito por liberdade
Não sou negro porque declamo Navio Negreiro
Não sou negro porque gosto das músicas de Edson Gomes,
Margareth Menezes ou Cidade Negra.
Não sou negro porque venho do gueto.
Não sou negro porque defendo as idéias e Nelson Mandela
Não sou negro porque conheço os rituais afro.
Sou negro porque sou filho da natureza
Tenho o direito de ser livre.
Sou negro porque sei encarar e reconhecer as minhas origens.
Sou negro porque sou cidadão.
Porque sou gente.
Sou negro porque sou lágrimas
Sou negro porque sou água e pedra.
Sou negro porque amo e sou amado
Sou negro porque sou palco, mas também sou platéia.
Sou negro porque meu coração se aperta
Desperta,
Deseja,
Peleja por liberdade.
Sou negro na igualdade do ser






Para o bem à nossa nação.
Porque acredito no valor de ser livre
Porque acredito na força do meu sangue numa canção que jamais será calada.
Sou negro porque a minha energia vem do meu coração.
E a minha alma jamais se entrega não.
Sou negro porque a noite sempre virá antecedendo o alvorecer de um novo dia.
Acreditando num povo afro-descendente que ACORDA, LEVANTA E LUTA.

de Genivaldo Pereira dos Santos
Floresta Azul - BA - por correio eletrônico

África
Sou Negro
Sou Banto
Sou Sudanês
Sou gente
Sou pessoa
Minha Pátria: O mundo
Minha terra: Áfricas.
Tenho identidade
Tenho nome
Nasci do ventre
Nasci gente
Sou Negro
Negro Africanidades.
Negro por natureza.
Sou Negro
Tenho cultura.
Tenho história
Sou negro
Sou pessoa como você.
Sou negro
Voce!!!!
Negro eu sou.
Você eu não sei.
Honro a minha cor
A minha raça.
Negro de verdade
de lutas.
de histórias
Não sou negro de escravidão
Sou Negro de raça
de vida
Negro de história.
Negro que colonizou o mundo.
NEGRO COM MUITA HONRA.
Negro das Minhas Áfricas.


de Genivaldo Pereira dos Santos
Floresta Azul - BA - por correio eletrônico

Outras idéias...
Leitura e análise de alguns artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, fazendo uma comparação entre o antes e o depois do tráfico negreiro e a escravidão no Brasil. É fundamental fazer a comparação com o modo de vida do negro no nosso país, na época da escravidão, nos quilombos e nos dias de hoje: O que mudou? O que ainda é necessário mudar? Como mudar?
Espera-se com presente artigo contribuir para a construção do senso de uma sociedade mais justa e igualitária, em que pessoas de etnias diferentes não sejam discriminadas. Assim, no futuro, não será necessário fazer campanhas e criar datas para conscientizar a população de que não há raça superior à outra, existe apenas a raça humana. Além dos alunos apropriarem-se de diversos saberes e conscientizarem-se sobre temas relevantes como legislação, tolerância, direitos e deveres.
Exibição de vídeos (filmes e documentários). A internet também pode auxiliar na aprendizagem através do fácil acesso as mais variadas fontes de pesquisas onde o educando, com a orientação do professor, pode pesquisar e ter acesso a imagens e materiais ricos sobre o tema em pauta.
Conhecer a culinária e chás trazidos da cultura afro-brasileira, abrindo espaço para degustação através de lanche coletivo. Pode-se aproveitar para explorar as receitas como gênero textual e propor produções onde os alunos imaginarão que ingredientes misturarão para fazer porções mágicas para acabar com o racismo, a discriminação e o preconceito.
Construção de um álbum/glossário com palavras de origem africana, curiosidades sobre o povo africano, atualidades, etc.
Concurso Garoto/Garota Afro
É papel do professor:

Escutar o que os alunos sabem e necessitam expressar;
Não se colocar como o único e principal informante;
Conectar o tema a outros conteúdos e à realidade;
Organizar os espaços e tempos de acordo com as exigências do trabalho a ser executado;
Adaptar as diversas sugestões de atividades aos interesses, necessidades e faixa-etária de seus alunos.
“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião.
Para odiar, as pessoas precisam aprender; e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.”
(Nelson Mandela)

O artigo 215 da Constituição Federal de 1998 assegura que o "Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais populares, indígenas e afro-brasileiras, e de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional".
Os textos abaixo focalizam diferentes formas de discriminação e preconceito. Parte do material apresenta informações e reflexões que contribuem para o conhecimento da origem das divergências entre povos e raças no Brasil e relatam o processo de introdução da escravidão até a abolição. Alguns focalizam, também, experiências educacionais sobre o tema e apresentam atividades desenvolvidas por professores em sala de aula.

Links
Contra a discriminação
Em comemoração ao Dia da Consciência Negra, celebrado no dia 20 de novembro, a Defensoria Pública do Estado de São Paulo começou a distribuir uma cartilha para informar a população sobre seus direitos e providências a serem tomadas em casos de discriminação, racismo ou preconceito. Elaborada pelo Núcleo de Especializado de Combate a Discriminação, Racismo e Preconceito da Defensoria, a cartilha explica o que é o direito à igualdade, previsto pela Constituição Federal, bem como o direito à diferença, que é a possibilidade de todos viverem segundo sua própria cultura e suas características pessoais, sem discriminação.

http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/

0,,MUL1384420-5605,00.html
África negra (colonização, escravidão e independência)
Conta a história do tráfico de escravos, da colonização e da luta pela abolição da escravatura. Tem também informações de países, líderes e movimentos africanos.

http://www.terra.com.br/voltaire/mundo/africa4.htm
Campanha abolicionista
Informações sobre os interesses e os fatos que resultaram na abolição dos escravos.

http://educaterra.terra.com.br/voltaire/brasil/2004/11/16/001.htm
Zumbi
Contém a biografia do líder negro Zumbi, a história dos primeiros quilombos, do tráfico negreiro e da abolição da escravatura.

http://www.zbi.vilabol.uol.com.br
Documentos da Organização Internacional do Trabalho - OIT
Página do site da Biblioteca Virtual de Direitos Humanos da USP, que apresenta documentos da Organização Internacional do Trabalho. Abordam assuntos como justiça, discriminação e trabalho.

http://www.direitoshumanos.usp.br/counter/Oit/OIT.html
Portal Palmares
A Fundação Cultural Palmares é uma entidade pública vinculada ao Ministério da Cultura, que busca a preservação da cultura afro-brasileira. No site há publicações, legislação, indicação para outros sites e informações de projetos.

http://www.palmares.gov.br
Racismo nas escolas
Apresenta exemplos de discriminação racial no cotidiano escolar e também as ações do Ministério da Educação para combatê-la.

http://www.fundaj.gov.br/tpd/147.html
Racismo made in Brazil
Artigo sobre a origem do preconceito racial no Brasil. Estabelece comparações com a cultura e a discriminação que ocorre em outros países.

http://ruibebiano.net/zonanon/actual/lcl021211.htm
Diversidade cultural e fracasso escolar
Texto que introduz uma reflexão sobre as diferenças culturais, a discriminação e o fracasso escolar.

http://www.mulheresnegras.org/azoilda.html
Educação e diversidade cultural: refletindo sobre as diferentes presenças na escola
Este artigo coloca em debate as diferenças encontradas na escola, já que é um espaço socio-cultural onde há culturas diversas.

http://www.mulheresnegras.org/nilma.html
A Revolta dos males
Apresenta a revolta ocorrida em Salvador na Bahia em 1835, na qual negros muçulmanos que liam e escreviam no idioma árabe, se insurgiram contra a escravidão e a imposição da religião católica.

http://www.smec.salvador.ba.gov.br/documentos/a-revolta-dos-males.pdf


Reportagens
O Brasil Negro
Reportagem da revista Com Ciência, editada pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, SBPC.

http://www.crmariocovas.sp.gov.br/grp_l.php?t=002
Mundo Negro
O maior portal da comunidade afro-brasileira, com artigos, notícias, agenda, cultura e educação.

www.mundonegro.com.br
A mulher trabalhadora é o negro de saias
Neste artigo, Gilberto Dimenstein aborda a questão da discriminação por parte do mercado de trabalho brasileiro em relação às mulheres e aos negros.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/gilberto/gd300400.htm


Multimídia
Videoconferência
Videoconferência de encerramento do módulo II do “Programa SP: educando pela diferença para a igualdade”. Conta com a participação do professor Valter Silvério, da Universidade Federal de São Carlos. O programa é um curso de formação continuada que trabalha com conceitos de diversidade étnico-racial que busca sensibilizar e capacitar professores para a discussão da questão racial no currículo escolar, mostrando a história e a cultura africanas.

http://media.rededosaber.sp.gov.br//CENP/Streaming00000093.wmv

Livros
A ABOLIÇÃO - Emília Viotti da Costa
Editora UNESP - 2008
O livro aborda o processo de luta pela abolição da escravidão no Brasil e desmistifica a imagem da abolição como doação da princesa Isabel em 1888 - não como exigência de um sistema de produção. A autora relata os diversos momentos, personagens e aspectos do processo abolicionista que libertou os brancos do fardo da escravidão e abandonou os negros à sua própria sorte.
DA SENZALA À COLÔNIA - Emília Viotti da Costa
Cia das Letras - 1998
Referência fundamental para o desvendamento dos traços constitutivos da nacionalidade. A autora centra sua análise no período em que se dá o trânsito do trabalho escravo para o trabalho livre. Partindo de um exaustivo rastreio de fontes primárias, ela analisa as particularidades do período colonial a partir de suas conexões com a expansão cafeeira.
COROAS DE GLÓRIA, LÁGRIMAS DE SANGUE - Emília Viotti da Costa
Cia das Letras - 1998
A autora reconstrói uma das maiores revoltas de escravos ocorrida na Guiana Inglesa em 1823: escravos que demandam seus direitos, senhores ciosos de seus privilégios, missionários dilacerados entre seus deveres de brancos e suas obrigações de cristãos.
LIBERDADE POR UM FIO - História dos Quilombos no Brasil - João José Reis e Flávio dos Santos Gomes (Organizadores)
Cia das Letras -1996
O livro é uma reunião de artigos de vários autores sobre quilombos situados em diversos locais do Brasil, desde os menos conhecidos, até o de Palmares que é revisitado sob várias perspectivas.
NA SENZALA UMA FLOR – Roberto W. Slenes
Nova Fronteira – 1999
O autor apresenta nesta obra o resultado de uma pesquisa sobre a vida afetiva, sexual, cultural e material dos escravos africanos e seus descendentes, tendo como contraponto versões do século XIX sobre esse tema, que apresentavam a família dos escravos no Brasil de maneira enviesada e preconceituosa.
RETRATO EM BRANCO E NEGRO – Jornais, escravos e cidadãos em São Paulo no final do século XIX - Lilia Moritz Schwarcz
Cia das Letras -1987
Neste livro a autora analisa a imagem dos negros veiculada na imprensa paulistana nas últimas décadas do século XIX (1870-1900), articulando uma visão antropológica à pesquisa histórica.
O NEGRO DA CHIBATA – O marinheiro que colocou a República na mira dos canhões – Fernando Granato
Objetiva, 2000
O autor apresenta um relato do dia-a-dia da Revolta da Chibata, em 1910, destacando as repercussões políticas, os atos considerados heróicos, as investidas cruéis e os dramas pessoais dos personagens envolvidos, em especial do líder João Cândido.
O ABOLICIONISMO – Joaquim Nabuco
Nova Fronteira – 6ª Ed., 1999
Publicada pela primeira vez em 1883, esta obra é considerada fundamental para o conhecimento da doutrina abolicionista e como um verdadeiro diagnóstico das mazelas da sociedade brasileira da época. O autor apresenta uma crítica contra a escravidão e denúncias contra a sociedade da época, incluindo a Igreja Católica Romana. Para Evaldo Cabral de Mello, O Abolicionismo foi um dos textos fundadores da sociologia brasileira.
DIVERSIDADE – Tatiana Belinky
Quinteto Editorial – 1999
Voltada em especial para o público infantil, com ilustrações de FÊ e textos em forma de poesia, a autora destaca diferenças entre as pessoas e enfatiza que não há um único jeito de ser. Mas, diz ela, não basta reconhecer que as pessoas são diferentes, é preciso respeitar as diferenças.


Filmes
A ÚLTIMA CEIA
Dir. Tomás Gutierrez Alea- 1976
Filme cubano que discute o choque de classes e as bases materiais e ideológicas do processo revolucionário.
O FIO DA MÉMORIA
Dir. Eduardo Coutinho - 1991
Gabriel Joaquim do Santos, que construiu a Casa da Flor, feita de restos de obras e fragmentos retirados do lixo, em São Pedro da Aldeia, no interior fluminense é o fio condutor do filme. À vida de Gabriel, trabalhador de salina e artista semi-analfabeto, são relacionados outros temas e personagens procurando condensar em situações do presente, a experiência negra no Brasil,sobretudo na religião e na música. Destaca a realidade do racismo, responsável pela perda de identidade étnica e marginalização de boa parte dos cerca de 60 milhões de brasileiros de origem africana.
ATLÂNTICO NEGRO: NA ROTA DOS ORIXÁS
Dir. Renato Barbieri - 1998
O filme mostra a origem das raízes da cultura jêje-nagô em terreiros de Salvador, que deu origem ao candomblé, e do Maranhão, onde a mesma influência gerou o Tambor de Minas. Apresenta, também, descendentes de escravos baianos que moram em Benin, país africano que mantém tradições do século passado.
BESOURO: DA CAPOEIRA NASCE UM HERÓI
Dir. João Daniel Tikhomiroff, 2009
Filme inspirado em fatos reais, no qual um menino negro que, ao se identificar com o inseto (besouro) que desafia as leis da Física, desafia ele mesmo as leis do preconceito e da opressão. Tendo como cenário o Recôncavo Baiano, a história se passa nos anos 1920.

Obras
BENTO, Maria Aparecida Silva. Cidadania em preto e banco . São Paulo: Ática, 2003.
BORGES, Edson, MEDEIROS, Carlos Alberto, D'ADESKY, Jacques. Racismo, preconceito e intolerância . São Paulo: Atual, 2002.
CARNEIRO, Maria Luíza Tucci. O racismo na história do Brasil: mito e realidade . São Paulo: Ática, 2000.
CAVALLEIRO, Eliane. Do silêncio do lar ao silêncio escolar . São Paulo: Contexto, 2003.
ETZEL, Eduardo. Escravidão negra e branca: o passado através do presente. São Paulo: GLOBAL, 1976.
FLORENTINO, Manolo; GOES, José Roberto. A paz das senzalas: famílias escravas e tráfico atlântico. Rio de Janeiro, c. 1790 - c. 1850. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1997.
FREITAS, Décio. Palmares: a guerra dos escravos . Rio de Janeiro: Graal, 1990.
FUNDAÇÃO DE ASSISTÊNCIA AO ESTUDANTE - INSTITUTO DE RECURSOS HUMANOS JOÃO PINHEIRO. Educação e discriminação dos negros . Belo Horizonte: IRHJP, 1988.
GOMES, Heloisa Toller. O negro e o romantismo brasileiro . São Paulo: Atual, 1988.
GORENDER, Jacob. O escravismo colonial . São Paulo: Ática, 1992.
GUIMARÃES, Antonio Sérgio Alfredo. Preconceito e discriminação: queixas de ofensas e tratamento desigual dos negros no Brasil . Editora 34, FUSP, 2004.
___________ HUNTLEY, Lynn (Org.). Tirando a máscara: ensaios sobre o racismo no Brasil. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
HERNANDES, Leila Leite. África na sala de aula – visita à história contemporânea . 2ª Ed., São Paulo: Selo Negro, 2008.
HEYWOOD, Linda M. (Org.). Diáspora negra no Brasil . São Paulo: Contexto, 2008.
IANNI, Octavio. Escravidão e racismo . São Paulo: Hucitec, 1978.
___________ Raças e classes sociais no Brasil . São Paulo: Brasiliense, 1987.
JOÃO Evangelista Martins Terra, Padre, S. J. O negro e a igreja . São Paulo: Loiola, 1988.
KOURYH,Jussara Rocha,Histórias do Brasil afro-indígena.Recife:Bagaço,2008
(Nosso acervo)
LARA, Silvia Hunold. Campos da violência: escravos e senhores na capitania. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.
LOPES, Nei. Enciclopédia brasileira da diáspora africana . São Paulo: Selo Negro, 2004.
LOPES, Nei. História e cultura africana e afro- brasileira.São Paulo:Barsa Planeta,2oo8
( Nosso acervo)
MAESTRI FILHO, Mário. A servidão negra . Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988.
MARTINS, José de Souza. O cativeiro da terra . São Paulo: Hucitec, 1990.
MARTINS, Pedro. Anjos de cara suja: etnografia da comunidade cafusa . Petrópolis: Vozes, 1995.
MATOS, Maria Zilá Teixeira de. Bonecas negras, cadê?: o negro no currículo escolar; sugestões práticas . Belo Horizonte: Mazza, 2004.
MATTOS, Hebe Maria. Das cores do silêncio: os significados da liberdade no sudeste escravista Brasil século XIX . Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998.
MONTEIRO, John Manuel. Negros da terra: índios e bandeirantes nas origens de São Paulo. São Paulo: Shwarce, 1995.
MONTENEGRO, Antônio Torres. Abolição . São Paulo: Ática, 1988.
MOTT, Maria Lúcia de Barros. Submissão e resistência: a mulher na luta contra a escravidão. São Paulo: Contexto, 1988.
MOURA, Clóvis. Quilombos: resistência ao escravismo . São Paulo: Ática, 1989.
____________ Brasil: raízes do protesto negro . São Paulo: Global, 1983.
____________ Dialética radical do Brasil negro . São Paulo: Anita, 1994.
_____________ As injustiças de Clio: o negro na historiografia brasileira . Belo Horizonte: Oficina de Livros, 1990.
NABUCO, Joaquim. O Abolicionismo . 6ª Ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
___________ ; Leonardo Dantas Silva (Comp.e Organização). A escravidão . Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
NEGRÃO, Esmeralda Vailati, PINTO, Regina Pahim. De olho no preconceito; um guia para professores sobre racismo em livros para crianças . São Paulo: FCC, 1990.
OLIVEIRA, Ivone Martins de. Preconceito e autoconceito: identidade e interação na sala de aula . Campinas: Papirus, 1994.
GILROY, Paul. O atlântico negro . Tradução de Cid Knipel Moreira. São Paulo: Editora 34, 2001.
RAMOS, Artur. As culturas negras no novo mundo . São Paulo: Nacional, 1979.
RAMOS, Ítalo (Coord.). A luta contra o racismo na rede escolar . São Paulo: FDE, 1995
. (Idéias, 27).
REIS, João José, GOMES, Flávio dos Santos (Org.). Liberdade por um fio: história dos quilombos no Brasil . São Paulo: Cia. Das Letras, 1996.
SANTOS, Joel Rufino dos. O que é racismo . São Paulo: Brasiliense, 1991 (Primeiros passos).
SÃO PAULO (Estado) Secretaria de Educação. Grupo de Trabalho para Assuntos Afro-Brasileiros. Salve 13 de maio?: escola, espaço de luta contra a discriminação . São Paulo: SE, 1988.
SILVA JR., Hédio. Discriminação racial nas escolas: entre a lei e as práticas sociais . Brasília: UNESCO, 2002.
SISTO,Celso,Mãe África:mitos,lendas,fábulas e contos.São Paulo:Paulus,2007
(Nosso acervo)
SOUSA,Manoel Alves de,Brasil indígena afro-brasileiro- A formação da sociedade brasileira:identidade e resistências.Fortaleza:Imeph,2009.( Nosso acervo)
SOUSA,Manoel Alves de,Brasil afro-brasileiro:cultura,história e memória.2ªEd.Fortaleza:Imeph,2009( Nosso acervo)
SOUZA, Marina de Melo. África e o Brasil Africano . 2ª Ed., São Paulo: Ática, 2007. ( Nosso acervo)
TURRA, Cleusa, VENTURI, Gustavo (ORG.). Racismo cordial: a mais completa análise sobre o preconceito de cor no Brasil . São Paulo: Ática, 1995.
VENTURA, Nancy Caruso. Negro: reconstruindo nossa história . São Paulo: Nova America, 2003.
VOGT, Carlos, FRY, Peter. Cafundó: a África no Brasil; linguagem e sociedade. Campinas: UNICAMP e Cia. Das Letras, 1996.
WISSENBACH, Maria Cristina Cortez. Sonhos africanos, vivências ladinas: escravos e forros em São Paulo; 1850 – 1880 . São Paulo: Hucitec, 1998.

Ações

Para a realização deste Projeto serão necessárias muitas ações, desde o desenvolvimento de uma estratégia de sensibilização da comunidade escolar, de preparação e participação de todos, até a execução do mesmo. Tomamos como referência, para iniciá-lo, a aprovação da Lei Federal nº. 10.639 de 2003 que tornou obrigatório o ensino de História da África e da cultura afro-brasileira em todas as escolas de Ensino Fundamental e Médio no país e, portanto, projetos como este vem ao encontro dessa obrigatoriedade.
A finalização do projeto dar-se-á próximo à comemoração do dia 20 de novembro - data instituída como Dia Nacional da Consciência Negra - na qual comemoramos a memória da morte de Zumbi dos Palmares, o grande herói nacional que representa a luta, a contestação, o enfrentamento e a denúncia do racismo.
Pensamos que a comemoração de datas símbolos como o 13 de maio e 20 de novembro devem ser repensadas no calendário escolar porque o 13 de maio é uma data em que se comemora a extinção legal da escravidão no Brasil, através da Lei Áurea, assinada em 1888 pela Princesa Isabel, então regente do Império. Naturalmente, essa lei foi importante para a ruptura do sistema escravocrata, todavia, não representou a cidadania para os negros libertos. As desigualdades
permaneceram, bem como a concentração de riqueza, as exclusões no trabalho, a marginalização no processo escolar, além da ação repressora da política brasileira. Dessa forma, o 20 de novembro passou a ser uma data mais significativa para comemoração de eventos festivos de valorização da diversidade cultural e étnica brasileira que o marco do fim da escravidão.
As atividades propostas, para este projeto, se estenderam pelo mês de outubro e se constituíram em Oficinas (com aulas expositivas, pesquisas, leituras, reflexão, debates, vídeos relativos à temática, expressões plásticas) e culminou em uma comemoração festiva de grande repercussão entre os alunos, e na qual teve o desfile dos candidatos ao título de Garoto/Garota Afro da escola, já mencionado por nós. Na semana anterior à festividade, ocorreram várias palestras sobre questões pertinentes às temáticas desenvolvidas, com convidados da comunidade acadêmica.
Além disso, será elaborado um JORNAL MURAL contendo Editorial, Notícias da África, Idéias que Desafiam, De Olho no Racismo, Para Saber Mais, Manifestações da Cultura Afro, Personalidades Afro-Descendentes em Destaque, Recados e Opiniões.
Serão trabalhados os seguintes temas:
Racismo, a História da África e dos afro-descendentes no Brasil e as manifestações da cultura negra. Essas temáticas foram realizadas em sala de aula com textos diversos e de vários autores.
Nas disciplinas que compõem o núcleo básico da Educação Fundamental, esses textos serão trabalhados de modo que possam contemplar os seus objetivos específicos. Por exemplo, na Matemática os textos trarão dados estatísticos da situação do negro no Brasil e, a partir da leitura deles os alunos poderão construir e analisar gráficos e, ainda farão cálculos de percentagem com referência à população como um todo. Em Ciências, os textos serão referentes
à temática da saúde da população negra, especialmente com relação à Anemia Falciforme, doença genética, hereditária e incurável que afeta especialmente os afro-descendentes. Em Geografia, serão vistos aspectos geográficos do continente africano, enquanto que em História , textos contendo informações sobre a História africana. Em Português, os textos trabalhados trarão informações sobre a literatura de grandes literatos de descendência africana, e como o preconceito pode afetar a divulgação dessa literatura.
Os textos possibilitarão aos alunos o acesso às inúmeras informações necessárias para a compreensão da História e da Geografia da África e das peculiaridades históricas e geográficas desse continente como também fazer um resgate da história dos negros e dos valores culturais herdados, reforçando assim a identidade dos negros na nossa sociedade. Além de procurar sensibilizá-los para as questões étnico-raciais, será possível uma conscientização crítica sobre
esses valores, modificando atitudes em relação a elas. O conhecimento das leis anti-racistas possibilitará aos alunos não só o conhecimento, mas lhes dará uma ferramenta de luta e, consequentemente, fará com que eles percebam a possibilidade de uma sociedade mais justa e humana.
Por outro lado, a leitura dos textos, o debate e a troca de idéias possibilitarão aos alunos desenvolver hábitos de leitura, ampliando o vocabulário, a compreensão do pensamento e organização de idéias, contextualização de inúmeras questões e atividades lúdicas. Outras propiciarão a criatividade com o desenvolvimento de trabalhos artísticos nas oficinas-aulas de arte. E, como o trabalho se desenvolverá interdisciplinarmente, os alunos perceberão que a construção do conhecimento se dá de uma forma mais globalizada e não compartimentada.
No encerramento do Projeto, ocorrerá a festividade em comemoração ao Dia da Consciência Negra com inúmeras performances, apresentações musicais, danças e o concurso “Garoto/Garota Afro”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário